CAIXA DE MATÉRIA SUSPENSA

Este era um trabalho de remodelação e ampliação de um restaurante. Nada teria sido mais linear, e talvez até secundário em comparação com outros trabalhos, mas duas realidades muito específicas revelaram rapidamente que não seria assim. Uma, porque o edificado existente era já uma construção moderna com obra em fase inicial, e a outra, porque o local de implantação era o meio rural de Felgueiras, caracterizada por um misto de casario tradicional, campo agrícola e quintais. Tínhamos afinal, um desafio que requeria uma alteração muito bem executada, cuja integração era sensível e uma reformulação geral que teria a missão de dar sentido a tudo.

Pretendia-se que o restaurante, de volumes rectangulares, viesse a ser um espaço para eventos de referência no local e arredores. Sendo esta a principal motivação, reforçámos a sua posição de destaque no terreno, dando-lhe mais expressão. Ao assumirmos o papel deste novo núcleo de serviços, o processo criativo tornou-se mais fluído. Através de fenestração, passadiços e arranjos de exterior, atenuámos o purismo geométrico dos volumes, que manteve a sua personalidade contrastante, mas agora, em diálogo com a matéria natural. No entanto, é no interior do salão de eventos, que a obra terá o seu elemento mais carismático. Esta criação a que chamámos tecto – paisagem onde assenta todo o conceito para o espaço, é dada por uma malha metálica flexível e suspensa que cobre o tecto. Essa finíssima rede transparente é uma representação pictórica do vento, seus fluxos e intensidades, que vem dar dinâmica e muito movimento a um tecto bastante extenso e monótono dada a amplitude do salão. É a imagem de marca da obra por ser único, marcante e artístico e, ao mesmo tempo, por ser suficientemente neutro e servir todos os propósitos. Os acessos por corredores e escadas são também algo extensos, e por isso irão ser marcados por linhas criando ritmos, verticais ou horizontais que, nalguns casos, se perpetuam no exterior.

Estamos convencidos que o novo espaço tem tudo para ser um anfitrião amável sem perder o seu arrojo e intemporalidade, encerrando em si uma série de predicados que fazem dele uma presença simbólica na localidade e, portanto, um sucesso para o dono da obra.